Proposta de Protocolo para Análise Histopatológica Forense das Vias Aéreas de Cadáveres Carbonizados

Autores

  • Rafaella Marques Barbosa Department of Forensic Pathology, Scientific Police, State of Goias, Goiania, GO, Brazil
  • Ívia Carla Nunes Ferreira Department of Forensic Pathology, Scientific Police, State of Goias, Goiania, GO, Brazil
  • Roberta Reila Almeida Carvalho Department of Forensic Pathology, Scientific Police, State of Goias, Goiania, GO, Brazil
  • Samir Fernandes Braga Department of Forensic Pathology, Scientific Police, State of Goias, Goiania, GO, Brazil
  • Ana Bheatriz Souza Oliveira Postgraduate Program in Dentistry, Federal University of Goias, Goiania, GO, Brazil
  • Solon Diego Santos Carvalho Mendes Department of Forensic Odontology and Forensic Anthropology, Scientific Police, State of Goias, Goiania, GO, Brazil
  • Joara de Paula Campos Division of Crime Scene Investigation, Scientific Police, Aparecida de Goiania, GO, Brazil
  • Rhonan Ferreira Silva Division of Crime Scene Investigation, Scientific Police, Aparecida de Goiania, GO, Brazil

DOI:

https://doi.org/10.17063/bjfs12(3)y2024251-263

Palavras-chave:

Cadáveres carbonizados, Pesquisa de fuligem, Histopatológico, Técnicas de fixação

Resumo

A determinação da causa da morte em necropsias de vítimas carbonizadas é desafiadora devido às alterações estruturais causadas pelo fogo. Essencialmente, busca-se saber se o fogo atingiu a vítima enquanto viva ou após sua morte. Exames complementares, como a pesquisa histológica de fuligem nas vias aéreas, são frequentemente necessários para auxiliar o médico legista nesses casos. A presença de fuligem abaixo da laringe indica que a vítima estava respirando durante o incêndio, sugerindo vitalidade. Durante a fixação do material para exame histológico, pode ocorrer uma reação entre o formol e o sangue, resultando em um pigmento escuro semelhante à fuligem, especialmente em tecidos em autólise post mortem. Esse pigmento artefatual pode ser confundido com fuligem durante o exame histológico. Para mitigar esse problema, sugere-se a coleta de amostras do sistema respiratório durante a necropsia e sua fixação em álcool 70%, uma abordagem econômica, simples e replicável. Esse método visa evitar a formação do pigmento indesejado, permitindo análise histopatológica mais precisa. A partir de uma revisão bibliográfica e do manual do Procedimento Operacional Padrão do IML de Goiânia, foi desenvolvido um protocolo padronizado para análise histopatológica das vias aéreas de cadáveres
carbonizados. Este protocolo visa minimizar o impacto dos pigmentos artefatuais, facilitando a interpretação dos vestígios para uma análise pericial mais eficaz. Por ser de baixo custo, espera-se que esse protocolo possa ser adotado e incorporado rotineiramente pelos serviços de Patologia Forense, melhorando a precisão na determinação da causa de morte de vítimas carbonizadas.

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Publicado

2024-12-31

Como Citar

Marques Barbosa, R., Nunes Ferreira, Ívia C., Almeida Carvalho, R. R., Fernandes Braga, S., Souza Oliveira, A. B., Santos Carvalho Mendes, S. D., … Ferreira Silva, R. (2024). Proposta de Protocolo para Análise Histopatológica Forense das Vias Aéreas de Cadáveres Carbonizados. Brazilian Journal of Forensic Sciences, Medical Law and Bioethics, 12(3), 251–263. https://doi.org/10.17063/bjfs12(3)y2024251-263

Edição

Seção

Artigo Original