Proposta de Protocolo para Análise Histopatológica Forense das Vias Aéreas de Cadáveres Carbonizados
DOI:
https://doi.org/10.17063/bjfs12(3)y2024251-263Palavras-chave:
Cadáveres carbonizados, Pesquisa de fuligem, Histopatológico, Técnicas de fixaçãoResumo
A determinação da causa da morte em necropsias de vítimas carbonizadas é desafiadora devido às alterações estruturais causadas pelo fogo. Essencialmente, busca-se saber se o fogo atingiu a vítima enquanto viva ou após sua morte. Exames complementares, como a pesquisa histológica de fuligem nas vias aéreas, são frequentemente necessários para auxiliar o médico legista nesses casos. A presença de fuligem abaixo da laringe indica que a vítima estava respirando durante o incêndio, sugerindo vitalidade. Durante a fixação do material para exame histológico, pode ocorrer uma reação entre o formol e o sangue, resultando em um pigmento escuro semelhante à fuligem, especialmente em tecidos em autólise post mortem. Esse pigmento artefatual pode ser confundido com fuligem durante o exame histológico. Para mitigar esse problema, sugere-se a coleta de amostras do sistema respiratório durante a necropsia e sua fixação em álcool 70%, uma abordagem econômica, simples e replicável. Esse método visa evitar a formação do pigmento indesejado, permitindo análise histopatológica mais precisa. A partir de uma revisão bibliográfica e do manual do Procedimento Operacional Padrão do IML de Goiânia, foi desenvolvido um protocolo padronizado para análise histopatológica das vias aéreas de cadáveres
carbonizados. Este protocolo visa minimizar o impacto dos pigmentos artefatuais, facilitando a interpretação dos vestígios para uma análise pericial mais eficaz. Por ser de baixo custo, espera-se que esse protocolo possa ser adotado e incorporado rotineiramente pelos serviços de Patologia Forense, melhorando a precisão na determinação da causa de morte de vítimas carbonizadas.
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