Mortalidade Feminina por Agressão do Tipo Íntima em Sergipe: Análise Temporal (2015 a 2022)
DOI:
https://doi.org/10.17063/bjfs12(2)y2024216-226Palavras-chave:
Epidemiologia, Violência doméstica, Delitos sexuais, Odontologia legal, Saúde coletivaResumo
O objetivo do presente estudo foi traçar o perfil epidemiológico das mulheres que foram mortas por agressão, do tipo íntima, durante o período de 2015 a 2022, registradas no Instituto Médico Legal de Sergipe (IML). Foram analisados casos que se configuravam como agressão íntima. Análises de série temporal foram utilizadas para verificar a tendência ao longo dos anos. Foram analisados 1821 laudos periciais e encontrados 108 casos de morte por agressão do tipo íntima. A maioria dos casos aconteceu por meio de arma branca (44%), seguido por arma de fogo (31%). A idade média das vítimas foi de 33,5 (± 12,8) anos, variando de 14 a 71 anos. Dentre os municípios de residência, 15% das vítimas eram de Aracaju, capital de Sergipe, 12% de Itabaiana e 8% de Nossa Senhora do Socorro, municípios próximos da capital. Em 99% dos casos, o local do óbito foi a residência da vítima. Ao se analisar a Variação Percentual Anual (VPA) de mortalidade, esta apresentou-se crescente no período analisado. Assim, pode-se observar que a violência por agressão íntima contra mulheres em Sergipe, no período de 2015 a 2022, traz uma situação crescente. A análise dos dados do Instituto Médico Legal apresentou que, durante esse período, ocorreram 108 casos de morte por agressão íntima, com a maioria das vítimas sendo jovens, com uma média de idade de 33,5 anos. As armas brancas e de fogo foram as principais causas de morte, e a maioria dos crimes aconteceu nas residências das vítimas.
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